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Padre e promotor recebem títulos de cidadania
A sessão solene da Câmara Municipal de Jataí da noite de 10 de dezembro de 2025 marcou a concessão dos títulos de cidadão jataiense ao promotor de justiça Lucas Otaviano da Silva e ao padre Valdinei Nascimento de Souza, em reconhecimento aos serviços prestados à segurança pública, à justiça e à comunidade religiosa do município. A cerimônia ocorreu no plenário João Justino de Oliveira, foi presidida pelo vereador Guilherme Alves, proponente das homenagens, e reuniu autoridades civis, militares e eclesiásticas, além de fiéis da paróquia São Sebastião e integrantes do Ministério Público local.
A solenidade teve início com a composição da mesa diretiva, formada pelos vereadores Guilherme Alves e Carlone Assis, pelo presidente da OAB subseção Jataí, Tiago Setti Xavier da Cruz, pela secretária Municipal de Segurança Pública e Defesa Social, a tenente-coronel Selma Rodrigues Silva, pelo delegado regional de Polícia Civil, Marlon Souza Luz, pelo bispo diocesano de Jataí, dom Joaquim Carlos Carvalho, pelo juiz de direito Sérgio Brito Teixeira e Silva e pela promotora de Justiça Gláucia Brito Freire Teixeira e Silva. Após a execução do Hino Nacional e do Hino de Jataí, o padre Nixon de Araújo Félix conduziu um momento de oração, pedindo bênçãos aos homenageados e aos trabalhos do legislativo.
Na sequência, foram lidos os decretos legislativos que concederam as honrarias. O Decreto Legislativo nº 128/2025 conferiu o título de cidadania jataiense a Lucas Otaviano “em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados ao município”, enquanto o Decreto nº 155/2025 concedeu o mesmo título ao padre Valdinei pelos serviços prestados à comunidade religiosa, social, militar e educacional de Jataí e região. As entregas foram feitas por Guilherme Alves, que também homenageou a esposa do promotor, Maria Lua Araújo, com um buquê, gesto replicado pelo vereador Carlone ao entregar uma lembrança à companheira do homenageado.
O primeiro a usar a tribuna foi o delegado Marlon Luz, que também representou a 14ª Delegacia Regional de Polícia Civil. Ele afirmou que o país vive “uma crise de credibilidade moral e ética” e destacou Lucas Otaviano como exemplo de coragem na condução de investigações criminais complexas em Jataí, ressaltando a importância de membros do Ministério Público e das forças de segurança que não recuam diante de ameaças.
Em seguida, o presidente da OAB local, Tiago Setti, elogiou a atuação do promotor na área criminal e a parceria institucional em casos envolvendo o crime organizado e o sistema prisional. Segundo ele, Jataí “é uma ilha de segurança pública” em comparação a outras cidades goianas, resultado do trabalho integrado entre Ministério Público, judiciário, polícias, guarda municipal, polícia penal e advocacia, com foco tanto na defesa de direitos de acusados quanto na proteção das vítimas.
A tenente-coronel Selma Rodrigues afirmou que Jataí é “uma cidade abençoada” por contar com quadros experientes no judiciário e no Ministério Público e citou nominalmente Lucas, Gláucia e o juiz Sérgio como pilares dessa estrutura. Ela disse que as homenagens confirmam que os agraciados “fazem parte da história de Jataí” e lembrou sua própria experiência como cidadã jataiense honorária, relacionando a honraria ao sentimento de acolhimento que recebeu ao chegar ao município.
O padre Nixon, que sucederá Valdinei na paróquia São Sebastião, também fez questão de registrar laços pessoais com o homenageado, lembrando que ambos foram seminaristas em Brasília. Ele disse que considera uma honra ter trabalhado ao lado do colega nos últimos dois anos em Jataí e afirmou que o novo cidadão jataiense seguirá servindo à diocese na formação de futuros sacerdotes em Goiânia.
A promotora Gláucia Brito enfatizou que a homenagem a Lucas representa o reconhecimento de toda a instituição do Ministério Público na comarca. Ela apontou a coragem como marca do colega na área criminal e afirmou que tanto o promotor quanto o padre Valdinei “promovem justiça e amor”, associando a beca e a batina a “armaduras” a serviço da sociedade. Gláucia elogiou ainda a atuação da secretária Selma e do delegado Marlon na segurança pública, além do trabalho do Conselho da Comunidade, presidido por Edson Souza.
O bispo dom Joaquim destacou o perfil afável de Valdinei, descrevendo-o como “direto, firme, mas agradável na convivência”, e agradeceu à Câmara pela homenagem concedida ao sacerdote. Ele também cumprimentou Lucas e pediu que Deus abençoasse o trabalho do promotor “para o bem da sociedade”, antes de dar a bênção final ao plenário ao término da sessão.
O juiz Sérgio Brito, que foi apresentado como “futuro desembargador” pelos presentes, adotou um tom crítico à exposição excessiva de magistrados na mídia e defendeu que juízes “falem mais nos autos e menos fora deles”. Ele parabenizou os homenageados e elogiou a coragem do promotor na área criminal, afirmando que o volume de processos demonstra que “o crime não compensa” e que a atuação das instituições precisa apontar o Brasil rumo a uma sociedade mais justa e igualitária.
O vereador Carlone Assis ressaltou que homenagens como a entrega de títulos de cidadania dão visibilidade a pessoas que “honram” a cidade com seu trabalho. Ele disse que o parlamento também contribui para a segurança pública ao aprovar matérias que dão suporte legal e financeiro às forças de segurança e afirmou que a responsabilidade dos agraciados aumenta após a outorga da cidadania jataiense.
Carlone lembrou sua ligação histórica com a paróquia São Sebastião e com a Igreja Católica na infância, quando atuou como coroinha e participou de ações sociais ligadas à paróquia. Ele afirmou que Lucas e Valdinei simbolizam, na mesma noite, “a justiça e a fé” e dirigiu cumprimentos às famílias dos homenageados e aos fiéis presentes no plenário.
Ao agradecer o título, o promotor Lucas Otaviano fez um relato pessoal de sua trajetória, desde a infância em Lagoa da Prata (MG) até a decisão de seguir carreira no Ministério Público após experiências como jurado no Tribunal do Júri em Belo Horizonte. Ele contou um episódio em que um réu absolvido em júri popular foi preso meses depois tentando assaltar um ônibus, fato que o fez refletir sobre a importância de decisões justas para toda a comunidade.
Lucas destacou o apoio da família, especialmente do pai, que o alertou de que um promotor no Brasil “ouviria de tudo”, e da esposa Maria Lua, a quem creditou suporte nos períodos de trabalho intenso e em casos de grande repercussão. Ele afirmou ver o Ministério Público como “curador da sociedade” e se disse “sem vaidade” ao reconhecer que a homenagem só é possível pela atuação institucional do órgão na defesa da segurança e dos direitos da população.
No campo profissional, o novo cidadão jataiense citou a parceria com a Polícia Civil, a Polícia Militar, a Polícia Penal, a Guarda Municipal, o Judiciário e a OAB em investigações de homicídios, crimes de facção e feminicídios. Ele mencionou, como exemplos, casos de repercussão nacional como o assassinato da jovem Tátila, o caso da vítima identificada como I., o homicídio do professor Marco Antônio e dezenas de julgamentos de integrantes de facções criminosas, como PCC e Comando Vermelho.
Ao se dirigir à mãe de Tátila, Denilda Amaral, presente no plenário, Lucas afirmou que “o crime não compensa” e que o autor foragido do crime “vive condenado a se esconder como um rato, sem poder levar uma vida normal”. Ele defendeu o endurecimento de regras nas unidades prisionais para impedir que detentos comandem crimes de dentro da cadeia e garantiu que o Ministério Público continuará atuando com “mão firme” em parceria com as polícias e o Poder Judiciário.
O promotor fez questão de citar nominalmente as servidoras que compõem sua equipe – Helen, Suiara, Amanda e Flávia – comparando o Ministério Público a um exército em que o promotor é o general e os servidores são soldados sem os quais “nenhuma estratégia funciona”. Ele também agradeceu a presença de amigos como o empresário Clebulo, o advogado Washington e o conselheiro da comunidade Edson, ressaltando a importância da sociedade civil no fortalecimento da segurança pública.
Ao final de sua fala, Lucas afirmou que escolheu Jataí para instalar sua família e ver futuros filhos crescerem e prometeu “fazer a sua parte” para transformar o município em um lugar mais seguro e justo. “O promotor de Justiça não vai mudar o mundo, mas nesse pedaço de terra que escolhi viver, a minha parte eu vou fazer”, resumiu, reiterando que a população pode contar com o Ministério Público local.
Segundo homenageado da noite, o padre Valdinei iniciou seu pronunciamento dirigindo-se aos presentes como “irmãos”, explicando que essa é a forma como prefere tratar as autoridades públicas à luz da fé cristã. Ele afirmou que ser padre não foi seu plano original de vida, mas resultado de um chamado de Deus ao qual resistiu antes de se decidir pelo sacerdócio, e declarou sentir-se “feliz e bem resolvido” com a vocação.
Valdinei disse considerar o título de cidadão jataiense “a maior honraria” que poderia receber e afirmou sentir-se “oficialmente adotado” pela cidade que o acolheu por 13 anos na Paróquia São Sebastião. Ele declarou ter aprendido a ser padre não apenas nos estudos de filosofia e teologia, mas principalmente na convivência com o povo de fé que acompanha o cotidiano da paróquia e o ajuda a exercer o ministério.
O sacerdote agradeceu ao vereador Guilherme pela iniciativa e estendeu os agradecimentos à Diocese de Jataí e à comunidade da paróquia São Sebastião, afirmando que o reconhecimento se estende ao trabalho coletivo da Igreja. Ele reiterou que continuará rezando e trabalhando por Jataí mesmo à distância, já que assumirá função voltada à promoção vocacional e à formação de futuros padres em Goiânia.
Valdinei lembrou que, em 15 anos de sacerdócio, passou 13 deles em Jataí, o que, segundo ele, reforça o vínculo afetivo com a cidade. Ao encerrar, afirmou que agradece diariamente a Deus pela oportunidade de conhecer um povo “acolhedor e generoso” e assegurou que voltará com frequência à paróquia como promotor vocacional da diocese.
Antes de encerrar a sessão, o vereador Guilherme Alves fez um discurso em tom pessoal, no qual relatou sua própria trajetória profissional, da comunicação em Goiânia ao retorno a Jataí para assumir a Secretaria de Comunicação e posteriormente o mandato de vereador. Ele afirmou que a decisão de ingressar na política foi tomada “em diálogo com Deus” e disse ter reforçado sua vida de fé ao longo de 2025 para não se afastar da população que representa.
Guilherme destacou a atuação de Lucas em casos de grande repercussão, o papel de Valdinei na evangelização e no acompanhamento espiritual de fiéis e líderes locais e a importância de ambos como referências de coragem e obediência à missão. Também agradeceu o trabalho de sua equipe de gabinete, apontando que o suporte dos servidores é decisivo para o desempenho do mandato, e desejou um 2026 “melhor” para a cidade após um ano que classificou como “extremamente desafiador”.
A sessão foi encerrada após a bênção proferida por dom Joaquim sobre o plenário, a Câmara e os presentes. O bispo pediu a proteção de Deus sobre a cidade, conferindo um tom religioso ao encerramento de um ato legislativo marcado pela convergência entre fé, justiça e segurança pública.
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